terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A importância do conhecimento no processo criativo


A ferramenta fundamental do processo criativo
é o conhecimento.
Ele oferece bases concretas à defesa
de uma ideia.

    O cérebro, esse incrível sistema de armazenamento de dados, é a nossa maior ferramenta no processo criativo mas, se ele não tiver esses dados, sempre estará usurpando ideias de outros profissionais ou valendo-se de templates gratuitos encontrados na Web. Isso já foi comprovado diversas vezes.

    Será que existe algum segredo, ou receita para ser criativo?

    Segredo não, mas alguns itens podem ser relacionados para auxiliar na construção de uma mente criativa.

    O ato da observação - Tudo que nos cerca no cotidiano são elementos que poderão ser utilizados no processo criativo. Recentemente a agência ALMABBDO utilizou uma frase corriqueira no nosso dia-a-dia para a campanha da Pepsi: Pode ser? 



    Outra campanha se consagrou com outra frase: Vai que... Essa campanha, também criada pela ALMABBOO para a Seguradora Bradesco, praticamente seguiu a mesma linha, mudando a frase, ou seja, ambas foram criadas através da observação de frases que são ditas a todo momento. Deu certo para um, deu certo para o outro.

    Observar tudo, esse é o segredo, pois nunca saberemos quando poderemos utilizar essas pérolas do dia-a-dia. Se for o caso, use um bloco de anotações e comece a relacionar aqueles fatos que realmente são cotidianos a todos - o Metro, por exemplo - é perfeito para essa coleta.

    Leitura - Nada estimula mais a criatividade do que a leitura -  infelizmente, percebe-se que a cada dia as pessoas estão lendo menos. Será que você lerá todo esse texto? A leitura de um livro é impar pois o autor descreve uma cena pela imaginação dele e, o leitor, cria outra cenografia - por isso o livro é mágico. O melhor exemplo disso, são os livros adaptados para o cinema. Para quem leu o livro, o filme nunca é igual, porque estamos assistindo a imaginação do diretor, não a nossa, e muito menos a do escritor.



    - E o que deve ser lido?

    Tudo! Romance, ficção, notícias em jornais, em revistas, história, geografia, biologia, até bulas de remédios. E essas leituras irão solidificar outro importante elemento da criação: a tipografia (falaremos sobre isso em outros post).

    História da Arte - O design sempre acompanhou a evolução da História da Arte. Muitas são as referências artísticas utilizadas em várias peças de comunicação visual e essa releitura da arte não precisa estar presa a arte contemporânea - podemos utilizar elementos desde as pinturas rupestres, passeando por escolas renascentista, impressionista, moderna, etc. No imperdível filme O Paciente Inglês, dirigido por Anthony Minghella com Ralph Fiennes, Juliette Binoche, cujo roteiro é maravilhoso, apresenta em uma de suas cenas mais bonitas, uma leitura incrível do rupestre refletido no contemporâneo.  Assista o filme e tire suas conclusões.



    Ainda valendo-se da História da Arte, uma das ferramentas mais utilizadas pelos designers, o Adobe Illustrator, tem em sua marca original uma associação direta com a arte.

    Depois de algumas versões, percebe-se que o símbolo do Illustrator se manteve na sua origem e, à medida que o software evoluía, o desenho do símbolo também era aperfeiçoado - e assim foi sendo feito até o lançamento da versão CS. Ao todo foram 11 (onze) versões utilizando o mesmo símbolo. 

    O símbolo utiliza um rosto que é parte da pintura da obra O Nascimento de Vênus, do pintor italiano Sandro Botticelli.

    John Warnock, um dos fundadores da Adobe, encarregou Luanne Seymour Cohen, que já havia feito outros trabalhos para a empresa, de cuidar do assunto. Cohen então sugeriu a imagem de Botticelli pelos seguintes motivos:


  • O PostScript, uma linguagem de programação que permitia a impressão dos desenhos nas impressoras com melhor qualidade, seria um marco na revolução digital, assim como fora o Renascimento para todo o mundo.
  • Essa capacidade Postscript, mais a facilidade de traçado do Illustrator, que gerava e ainda gera linhas suaves, foi comparada ao trabalho de Botticelli, que foi e ainda é considerado “o rei da linha”, pela suavidade dos seus traços em suas obras.    


    Para que a imagem fosse utilizada, a Adobe adquiriu a licença de uso da imagem do quadro junto à empresa Bettmann Archive, detentora dos direitos autorais.
Moral da história: - Quanto mais nos aprofundamos na arte, mais fontes de inspiração temos para os nossos trabalhos!

    Seguindo ainda por esse caminho, muitas campanhas publicitárias utilizaram em sua criação algumas obras de arte que se destacaram em seus períodos e, até hoje, são reverenciadas. A pergunta é: - Será que a maioria do público entende a mensagem e a sua construção e respectiva composição? Claro que sim, afinal uma peça de comunicação prima pelo seu público alvo, embora, já dizia o carnavalesco Joãozinho Trinta, todas as pessoas, sem exceção, amam o luxo e o belo.

    Um dos artistas que melhor sabe tirar proveito disso é David LaChappelle



    Ele mistura obras de arte, adiciona uma pitada de surrealismo e outra pitada do cotidiano - e o que isso nos indica? Indica que todas as informações podem e devem ser canalizadas para obter-se o resultado final. 

    Fico aqui imaginando como seria Salvador Dali nessa era digital...


2 comentários:

  1. Ótimo texto. Realmente conhecimento é fundamental e não só para a ativar a mente criativa. Conhecimento é o que define nossa existência. A gente chega neste mundo sem saber de onde viemos, para onde vamos e o qual o motivo de estarmos aqui. Faz parte de nossa essência buscar respostas. Ou melhor ainda: buscar perguntas!

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  2. Salve Eduardo! Bonito blog!, coloca um "seguidores" pre gente não perder postagens...
    Um abraço!

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